O papel da mulher no cooperativismo

 

As mulheres estão em todos os segmentos do cooperativismo. Uma presença que ganha cada dia mais espaço. Dados de 2021 mostram que estão registradas no Sistema OCB/MT 170 cooperativas constituídas em todos os segmentos econômicos, com 785,540 cooperados, sendo 39% do sexo feminino e 61% de masculinos. Essas cooperativas empregam 11.976 pessoas, sendo que 55% são mulheres e 45% homens. Quando é feto um recorte para os cargos

Superintendente da OCB, Tânia Zanella

de liderança das cooperativas, vemos que dos presidentes das 170 cooperativas registradas, 20 (12%) são mulheres e 150 (88%) homens e no Conselho Administrativo, a porcentagem é de 14% para as mulheres e 86% para os homens.

Para Tania Zanella, superintendente do Sistema OCB e vice-presidente Instituto Pensar Agropecuária- IPA, a participação da mulher no cooperativismo vem crescendo e se tornando cada vez mais expressiva, inclusive nos cargos de liderança. “Os dados do Anuário Coop 2022 mostram que, no quadro social, as mulheres representam 40% do total de cooperados do movimento. E, entre a força de trabalho, a participação é ainda maior: 49%. Esse número é 10% superior ao do ano anterior. Já nos cargos de liderança, o crescimento foi de 17% para 20%”, ponderou.

Aifa Naomi , presidente da Central Sicoob Rondon

Zanella ressaltou a importância dessa é uma conquista para o cooperativismo brasileiro. “Temos trabalhado intensamente para ampliar essa representatividade e os resultados comprovam que estamos no caminho certo. As mulheres estão prontas para focar nos negócios, sem deixar de lado as pessoas, ou seja, estamos totalmente alinhadas com o foco principal do movimento”, analisou.

“Realmente a participação das mulheres ainda é muito baixa no movimento cooperativista. No ramo Crédito, por exemplo, os dados mostram que nos conselhos de administração e fiscal, é menos de 15%, nas diretorias é de 15% a 20%, nas gerencias cresce um pouco mais”, ponderou a presidente da Central Sicoob Rondon, Aifa Naomi, a única mulher no Brasil a ocupar o cargo de presidente de uma central de sistema de crédito cooperativo. 

Presidente da Coogavepe, Solange Barbosa

Naoni ressalta que “o papel da mulher no cooperativismo é muito interessante. Essa diversidade nos conselhos, esse olhar feminino faz toda a diferença. Mesmo nós estando em número menor, onde as mulheres estão essa posição é muito respeitada, muito ouvida, porque nós temos um olhar diferente do olhar masculino, mais voltado na reflexão, no sexto sentido, que é o olhar do sexto feminino para o negócio, que é muito bem-vindo. Tanto que é provado, que as mulheres empreendedoras no empreendedorismo individual, elas costumam ter mais uma carreira de sucesso do que o homem, ela tem um olhar diferenciado, já tem pesquisa que mostra que uma empresa fundada e conduzida por uma mulher ela tem mais chance de sucesso do que por homens, hoje em dia no Brasil”.

A presidente da Cooperativa dos Garimpeiros do Vale do Rio Peixoto (Coogavepe), Solange Barbosa, é líder de 6 mil cooperados e ressalta que “a mulher tem buscado conquistar o seu espaço, lado a lado, como deve e pode ser, no campo do trabalho, da profissão, do homem”. Ela acrescenta que “o mundo já evoluiu muito, o preconceito já diminuiu, porém, ainda existe. Não é pela força ou imposição que a mulher vai demonstrado seu valor e sim sendo mulher, fazendo as coisas que os homens fazem, mas com o toque e o jeito feminino. São os resultados que vão comprovar a nossa força e não o contrário”.